Como as mudanças climáticas impactam a indústria da moda.

Foto: Freepik

As mudanças climáticas têm exercido uma influência crescente sobre diversos setores da economia global, e a indústria da moda não é exceção, pois a moda engloba o têxtil, confecção e vestuário, mas também design, mídia e mercado. À medida que eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes e as temperaturas médias aumentam, marcas e designers enfrentam o desafio de adaptar suas coleções para atender às novas realidades ambientais e às expectativas de consumidores cada vez mais conscientes. ​

Adaptação de materiais e designs

O aumento das temperaturas globais tem levado a uma preferência e necessidade por tecidos mais leves e respiráveis. Materiais naturais como algodão e linho, conhecidos por sua capacidade de proporcionar conforto e maior respirabilidade em climas quentes, têm ganhado destaque nas coleções. Além disso, o desenvolvimento de tecidos tecnológicos que recebem um tratamento especial para bloquear a penetração dos raios UV (ultravioleta) tornou-se uma tendência emergente, visando atender às necessidades de um público preocupado com os efeitos nocivos da exposição solar intensificada. ​

No design, observa-se uma mudança em direção a peças versáteis e funcionais. Roupas que podem ser facilmente adaptadas a diferentes condições climáticas, como jaquetas leves e impermeáveis ou peças com camadas removíveis, estão se tornando populares. Essa abordagem não só responde às variações climáticas imprevisíveis, mas também promove um consumo mais consciente, incentivando a aquisição de itens multifuncionais em detrimento de peças específicas para cada estação. ​

Revisão das coleções sazonais

As tradicionais coleções sazonais da moda – primavera, verão, outono e inverno – também estão sendo repensadas em resposta às mudanças nos padrões climáticos. Com invernos mais amenos e verões prolongados, a distinção rígida entre roupas de inverno e verão torna-se menos relevante. Marcas estão explorando a criação de coleções “atemporais” “trans-sazonais” ou “seasonless”, que são três termos que fazem parte de um movimento contemporâneo na moda, voltado para a sustentabilidade, consumo consciente e desaceleração do mercado. 

  1. Coleções Atemporais
  • São aquelas que não seguem tendências de moda passageiras;
  • Preservam design clássico, versátil e duradouro;
  • Foco na longevidade do estilo, podendo ser usadas em qualquer estação do ano.
  1. Coleções Trans-sazonais
  • São feitas para transitar entre estações, especialmente entre verão/inverno ou outono/primavera;
  • São pensadas para adaptação climática e versatilidade;
  • Tecidos de peso intermediário, modelagens ajustáveis, camadas inteligentes.
  1. Coleções Seasonless
  • Literalmente “sem estações”;
  • É um posicionamento radical, contra o calendário tradicional da moda (primavera/verão/outono/inverno);
  • As marcas trabalham com lançamentos contínuos ou por demanda;
  • Foco total na liberdade criativa, redução de estoque e sustentabilidade;
  • Muito comum em marcas independentes, autorais ou com produção slow fashion. 

Desafios e oportunidades

As mudanças climáticas representam uma grande ameaça para o planeta, a sociedade e empresas de diferentes segmentos, dentre elas as têxteis. Embora a adaptação às mudanças climáticas apresente desafios significativos, também abre portas para a inovação. Empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e técnicas de produção sustentável podem se destacar em um mercado competitivo. Além disso, atender à demanda de consumidores por transparência e responsabilidade ambiental pode fortalecer a lealdade à marca e atrair novos públicos. ​

As mudanças climáticas estão redefinindo as regras da indústria da moda, exigindo uma abordagem mais consciente e adaptável. Ao priorizar a sustentabilidade, inovar em design e materiais, e reconsiderar o conceito de coleções sazonais, as marcas não apenas respondem aos desafios ambientais, mas também se posicionam de forma competitiva em um mercado em transformação. A moda, como reflexo da sociedade, tem o potencial de liderar pelo exemplo, promovendo práticas que respeitam o planeta e atendem às necessidades de um público cada vez mais engajado com questões ambientais.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *