Indústria Têxtil Brasileira

A indústria têxtil existe há quase 200 anos, sendo intimamente entremeada com a história do Brasil. O nome de nosso país, como é de conhecimento geral, tem origem na árvore Pau-Brasil. Esta árvore tinha um alto valor comercial no período colonial, pois, entre outros usos, transformavam-se em pós para tingimento de tecidos, resultando em um tom avermelhado.

No mesmo ano em que o tear mecânico foi inventado por Cartwright, a já modesta produção têxtil do Brasil Colônia sofria sanções de Portugal. Segundo Bueno (2008), foi em 1785 que D. Maria I, rainha de Portugal, decretou: “Eu, a rainha (…) hei por bem ordenar que todas as fábricas, manufaturas ou teares de galões, de tecidos ou de bordados de ouro e prata; de veludos, brilhantes, cetins, tafetás ou de qualquer outra qualidade de seda, ou de qualquer outra qualidade de linho, ou de outra qualquer qualidade de tecidos de lã, sejam extintas e abolidas em qualquer parte onde se acharem nos meus domínios do Brasil.”

Ainda de acordo com o mesmo autor, a proibição tinha a intenção de favorecer a produção têxtil em Portugal, uma vez que esta vinha sendo prejudicada pela qualidade e pelos preços dos produtos ingleses. Enquanto o Brasil ainda era governado por Portugal, a Primeira Revolução Industrial estava a todo vapor.

No entanto, é necessário mencionar que a implementação desta medida confiscatória levou à apreensão de 20 teares “nos domínios do Brasil” de D. Maria I. Esse número reduzido se deve ao fato de que foram isentos os teares que produziam tecidos mais rústicos, destinados ao empacotamento e às vestimentas de pessoas escravizadas.

Para o autor (Bueno, 2008), mais do que os impedimentos da Coroa, foi a elite luso-brasileira que inviabilizou a industrialização da colônia. Essa elite impedia os ofícios “burgueses” de se organizarem corporativamente. Entre os ofícios considerados burgueses, estava a tecelagem.

Relevância Econômica

Foi só após a vinda da família real para o Brasil que a produção fabril têxtil começou a ter alguma esperança de desenvolvimento. Por volta dos anos 1880, a produção têxtil passou a ter uma maior relevância econômica. Em 1917, o Brasil possuía a maior indústria da América Latina, o Cotonifício Rodolfo Crespi, que chegou a ter mais de 48 mil metros quadrados e mais de 500 teares.

Pioneira no Processo de Industrialização do Brasil

A indústria têxtil é uma das pioneiras no processo de industrialização do Brasil e apresenta uma das cadeias mais complexas, com grande representatividade na economia e na geração de empregos.

Trabalhadores

O setor emprega 1,33 milhão de profissionais formais (IEMI, 2023) e 8 milhões ao considerarmos os empregos indiretos e o efeito de renda, dos quais 60% são de mão de obra feminina.

Número de Empresas

Segundo o IEMI (2023), existem 24,3 mil unidades produtivas formais em todo o país. O setor de confecção é o 2º maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos (PIA – 2021: empresas com 5 ou mais pessoas ocupadas). Além disso, o Brasil está entre os cinco maiores produtores de denim do mundo e ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de malha. Em 2022, a força têxtil representou 18,2% do total de trabalhadores alocados na produção industrial e 6,6% do valor de transformação.

Apesar de o Brasil não ser autossuficiente, o país possui uma cadeia produtiva muito bem integrada. Isso proporciona ao setor vantagens para atuar de maneira assertiva no mercado nacional.

Reconhecimento Internacional

Além da geração de empregos e de todos esses atributos, o Brasil também é considerado a maior cadeia têxtil completa do Ocidente. O país abrange desde a produção das fibras, como a plantação de algodão, até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e um forte varejo com peças finalizadas e prontas para o consumo.

Além disso, o setor têxtil brasileiro também é referência mundial em moda praia, jeanswear e homewear, além de ter crescido significativamente nos segmentos de fitness e underwear.

Dados gerais do setor (atualizados em fevereiro de 2024): Abit

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